No dia 8 de novembro de 2022 realizou-se a cerimónia de apresentação da história vencedora da 2.ª edição do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva. Um dia dedicado à celebração do jornalismo e do jornalista que inspirou esta iniciativa da Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM) em parceria com o Clube de Jornalistas. A cerimónia de entrega do prémio teve lugar no Clube de Jornalistas.


OBRIGADO A TODOS OS QUE PARTILHARAM AS SUAS HISTÓRIAS E NOS INSPIRARAM COM A SUA VISÃO DO MUNDO.

 


45
CANDIDATURAS

 


42
PROFISSIONAIS

 


19
MEIOS DE COMUNICAÇÃO

 

Esta 2.ª edição reuniu 45 candidaturas de 42 profissionais e 19 meios de comunicação social, elevando pela qualidade e diversidade de todos os trabalhos recebidos o nível de exigência dos elementos do júri, Nicolau Santos, Manuel Carvalho, João Vieira Pereira, Luísa Meireles e Francisco Belard.

Queremos por isso agradecer a todos os que nos inspiraram com as suas histórias, contribuindo assim para a homenagem maior de Vicente Jorge Silva.


UMA CERIMÓNIA INTIMISTA QUE CELEBRA
A MEMÓRIA E A EXCELÊNCIA DO JORNALISMO

 

A cerimónia, de caráter intimista, contou com a presença de familiares e amigos de Vicente Jorge Silva, para além da presença do Senhor Ministro da Cultura, do Senhor Secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, da Presidente do Clube de Jornalistas, da Presidente do Conselho de Administração da Imprensa Nacional Casa da Moeda, dos membros do júri e dos nomeados.


O VENCEDOR DA 2.ª EDIÇÃO DO PRÉMIO
JORNALISMO DE EXCELÊNCIA VICENTE JORGE SILVA

 

Por ti, Portugal, eu juro!

Artigo de Investigação

Sofia da Palma Rodrigues, Editora Executiva
Diogo Cardoso, Diretor
Luciana Maruta, Jornalista

O artigo de investigação “Por ti, Portugal, eu juro!”, da autoria de Sofia da Palma Rodrigues, Editora Executiva, Diogo Cardoso, Diretor, e Luciana Maruta, Jornalista, foi o grande vencedor da 2ª Edição do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva.

Publicado na Divergente, este magnífico trabalho de investigação transporta-nos para a Guerra Colonial, onde milhares de africanos combateram ao lado de Portugal e arriscaram a vida pela pátria que acreditavam ser sua. A mesma pátria que os abandonou depois da Revolução de Abril. Quase 50 anos depois, os Comandos Africanos da Guiné contam pela primeira vez a sua história. Uma história de guerra, perseguição e morte. Uma história de denúncia de um Estado que os usou, explorou e, por fim, descartou.

Sofia da Palma Rodrigues

Jornalista com experiência como freelancer em diferentes países da Europa, África e América Latina. Nos últimos anos, tem atravessado os universos do jornalismo, do documentário e da academia. Integra a equipa de narrativa da Bagabaga e é co-fundadora da Divergente, um projecto de jornalismo independente focado em reportagens imersivas e de investigação que tentam novas abordagens para apresentar as histórias jornalísticas. É doutorada em Estudos Pós-Coloniais pela Universidade de Coimbra e participa, pontualmente, em projectos de investigação académica.

Diogo Cardoso

Repórter com experiência em dirigir e produzir histórias visuais, viajando e trabalhando na Europa, Àfrica, Àsia e Américas. Desde 2014, tem-se focado principalmente no campo do documentário e do jornalismo de investigação, produzindo trabalhos premiados sobre temáticas transversais aos direitos humanos numa sociedade globalizada. Como co-fundador da Divergente, uma revista digital de jornalismo narrativo, e membro da direcção da Bagabaga, uma cooperativa dedicada à produção em média digitais, tem usado ferramentas digitais de mixmedia para experimentar novas abordagens em reportagens jornalísticas, misturando as fronteiras do jornalismo, design e cinema documental.

Luciana Maruta

Jornalista com experiência em rádio, televisão e imprensa, assumindo também funções de produtora e editora. Tem trabalhos nas áreas da saúde, migrações e desporto, e nos últimos anos tem-se dedicado às vertentes de documentário e de investigação jornalística. Integra a equipa de narrativa da Bagabaga e é jornalista na Divergente, uma revista digital de jornalismo narrativo centrada em reportagens long-form multimédia.

menções honrosas

“Os 25 anos do Rendimento Social de Inserção: O RSI não é um sítio aonde eu queira voltar”

Reportagem

A reportagem “Os 25 anos do Rendimento Social de Inserção: O RSI não é um sítio aonde eu queira voltar”, da autoria de Natália do Carmo Teixeira Faria, Jornalista, e de Paulo Pimenta, Fotojornalista, foi uma das duas menções honrosas da 2ª Edição do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva. Publicado no Jornal Público, e no âmbito do aniversário de 25 anos de implementação do Rendimento Social de Inserção (RSI), o principal instrumento de combate e minimização da pobreza em Portugal, esta reportagem dá rosto aos beneficiários daquela que é, desde a sua criação, o apoio mais escrutinado social e politicamente, por ter inaugurado uma nova geração de políticas sociais, procurando quebrar a lógica assistencialista até então vigente. Na altura, em 1996, o país somava 22% da sua população abaixo da linha de pobreza. Actualmente, 7,6 mil milhões de euros depois, beneficiários do RSI como Maria, Ana, Armanda e Manuel dão a cara para mostrar de que modo aquela prestação pecuniária alterou as suas vidas, num trabalho que procura desmistificar a estigmatização associada à medida e fornecer pistas sobre as alterações tidas como fundamentais para que o RSI aumente a sua eficácia na erradicação da pobreza.

Natália do Carmo Teixeira Faria, Jornalista
Paulo Pimenta, Fotojornalista

Natália Faria

Natália Faria é jornalista no jornal Público desde 2003. Começou na imprensa local, em Guimarães, onde nasceu, em 1975, e trabalhou no extinto Comércio do Porto. Ao longo dos últimos anos, tem integrado a secção Sociedade do Público, onde escreve sobre temas como religião, demografia e pobreza. Em 2021, ficou em 1.º lugar na categoria de imprensa escrita do Prémio de jornalismo Direitos Humanos & Integração, uma iniciativa anual conjunta da Comissão Nacional da UNESCO e da Secretaria Geral da Presidência do Conselho de Ministros, que visa reconhecer o trabalho jornalístico em prol dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, com o trabalho “Morreram 1047 idosos em lares com covid-19. O que é preciso para acabar com os “depósitos de velhos”?. Em 2022, ganhou o 1.º lugar na categoria sustentabilidade e inovação empresarial do Prémio de Jornalismo Económico, promovido pela Universidade Nova de Lisboa e pelo Banco Santander, com o trabalho “A vida inteira com o salário mínimo. “Uma constante dor de cabeça”. Não tem livros publicados. Mas tem duas filhas e já plantou várias árvores.

Paulo Pimenta

Paulo Pimenta concluiu o curso superior de fotografia na ESAP e é fotojornalista do jornal Público há mais de 18 anos. Em 2012 recebeu o 1.º prémio de fotojornalismo Estação Imagem, que se somou a vários outros prémios de fotojornalismo, como o Prémio Internacional de Fotografia Peironcely, no Festival Robert Capa em 2019, em Madrid. Em 2021, ficou em 1.º lugar no Prémio de Jornalismo Analisar a Pobreza na Imprensa, promovido pela Rede Europeia Anti-Pobreza, com o trabalho “Os 25 anos do Rendimento Social de Inserção: O RSI não é um sítio aonde queira voltar”.Participou em diversas exposições individuais e colectivas, destacando-se em 2018 a exposição “Retrato das ilhas” da Rede INDUCAR, no Centro Português de Fotografia; em 2020 a exposição “É só mais dez minutos”, no Auditório Municipal Augusto Cabrita, e a exposição “São Pessoas”, com Adriano Miranda, no Mira Fórum; em 2021 a exposição “Corpo em Movimento”, no Centro Cultural Mala Posta; em 2022 a exposição “As Bravas”, a partir do projeto com a Pele, no Museu Fundação Calouste Gulbenkian e no Festival Internacional de Fotografia de Amarante.É autor do livro “São pessoas” e “Emergência 365” em coautoria com o fotojornalista Adriano Miranda. Tem várias publicações em livros e revistas internacionais. Tem um vasto trabalho de colaboração em registo fotográfico, obra publicada e cenografia, com companhias de dança e teatro, destacando-se a companhia de Pina Bausch, Companhia Olga Roriz, Teatro Crinabel, Terra Amarela. Integra ainda inúmeros projetos multidisciplinares de vertente social.

“Corrupção em África? Gabriel Obiang mostra como se faz”

Investigação

O artigo de investigação “Corrupção em África? Gabriel Obiang mostra como se faz”, da autoria de @Micael Pereira, Grande Repórter, foi mais uma menção honrosa da 2ª Edição do Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva. Publicado no @Jornal Expresso, resulta de uma investigação jornalística realizada ao longo de seis meses, com base numa vasta documentação (contratos, faturas, extratos bancários, atas de reuniões, memorandos, etc.). Esta investigação foi realizada em colaboração com jornalistas de outros países, incluindo a Guiné Equatorial, a Holanda, a Espanha e o Chipre, coordenados pelo OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project), um consórcio internacional de jornalismo de investigação, que também publicou a história. Revela como Gabriel Obiang, ministro do petróleo da Guiné Equatorial e filho do presidente Teodoro Obiang, foi corrompido por uma empresa de construção portuguesa por causa da maior obra feita naquele país por empresas nacionais.

Micael Pereira, Grande Repórter
Micael Pereira

Micael Pereira é grande repórter no jornal Expresso. Tem investigado casos de corrupção em Portugal, e em países de África e da América Latina. É membro do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, o ICIJ, e esteve envolvido em muitos dos seus projetos, incluindo o Panama Papers, o Luanda Leaks e o Pandora Papers. Faz também parte da rede EIC (European Investigative Collaborations), conhecida pelas investigações Football Leaks e Malta Files. É autor do filme Black Trail, uma coprodução europeia sobre emissões de navios. Em 2022 concluiu o seu segundo documentário, Bissau Way, sobre tráfico de cocaína, filmado na Guiné-Bissau, no Mali e no México.

OS TESTEMUNHOS

Para o Clube de Jornalistas estar associado a um prémio com o nome de Vicente Jorge Silva, não poderia ser maior o simbolismo de se aproximarem os 40 anos do Clube que, por coincidência, nasceu no dia de aniversário de Vicente, 8 de Novembro de 1983. Vicente Jorge Silva terá sido o jornalista mais determinante na imprensa escrita em Portugal no século XX. Pelo que representou para todos os jornalistas, ainda no Comércio do Funchal, antes do 25 de Abril com censura activa, pelo arrojo que a Revista do Expresso veio trazer à escrita e à abordagem de temas pela primeira vez trabalhados jornalisticamente e, na última década do século passado, com o Público. Um jornal pensado de raiz, no conteúdo e na forma, onde todos queriam lá estar por saberem que ali se praticava o melhor jornalismo do país: exigente no plano ético e o mais inovador no diálogo fotografia / ilustração / infografia / texto.  Vicente era um desassombrado, marcava agenda com os seus editoriais que se tornaram referência para quem faz do jornalismo vida.

Com o Prémio de Excelência Vicente Jorge Silva, que em boa hora a Imprensa Nacional Casa da Moeda criou, por sua livre iniciativa, e nos quis presente nesta 2ª. edição, o Clube de Jornalistas só se pode sentir honrado com a escolha e espera que esta parceria se traduza numa colaboração profícua e à altura de quem nos juntou.

Maria Flor Pedroso
Presidente do Clube de Jornalistas

“A 2ª edição do Prémio Vicente Jorge Silva confirma as boas indicações do primeiro: em Portugal continuam a existir grandes jornalistas e a fazer-se jornalismo que teria lugar em qualquer órgão de referência a nível mundial.  E o projecto vencedor deste ano, «Por ti, Portugal, eu juro», concilia os eixos fundamentais do jornalismo do século XXI: uma grande investigação realizado por uma equipa e disponibilizada sob a forma multimédia.”

Nicolau Santos
Presidente do Conselho de Administração da RTP e Presidente do Júri Prémio Jornalismo de Excelência Vicente Jorge Silva

“Custa até dizê-lo, porque os trabalhos apresentados ao Prémio/2022 são de uma qualidade fora de série. Mas a reportagem da Divergente “Por ti Portugal eu juro” foi de escolha imediata. Só posso dizer uma palavra: excecional. E está tudo dito.”

Luísa Meireles
Diretora de Informação da Agência Lusa